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Acústica I - O que é o Som e Como se Comporta?

  • Foto do escritor: Matheus Antunes
    Matheus Antunes
  • 13 de ago.
  • 4 min de leitura

Fugindo um pouco do áudio digital por motivos de “estou afim de falar sobre acústica”.


No nosso dia a dia, falamos muito sobre áudio digital: plugins, DAWs, conversores. Mas para realmente dominar a arte da gravação e da mixagem, precisamos dar um passo atrás e entender o material com o qual trabalhamos em sua forma mais pura: o som no espaço físico. A acústica não é um luxo, é o alicerce.


Este post inicia uma nova série aqui no blog, dedicada a desvendar os princípios da acústica. Vamos começar pelo começo: o que é o som, como ele viaja até nossos ouvidos e quais fenômenos físicos ditam a forma como o percebemos em um ambiente.


Resumo Rápido:

  • O Som é uma Perturbação: Trata-se de uma onda de compressão e descompressão de partículas (como as do ar) que se propaga a partir de uma fonte vibratória.

  • Energia em Movimento: As partículas do meio vibram, mas é a onda de energia que viaja, não as partículas em si.

  • Fenômenos Acústicos: Quando o som encontra um obstáculo, ele pode ser refletido, absorvido, refratado, difratado ou sofrer interferência, alterando drasticamente como o ouvimos.



A Física do Som: Da Vibração à Percepção


O som, em sua essência, nada mais é do que uma perturbação mecânica que se propaga por um meio, como o ar.

Pense em uma pessoa batendo a mão em uma mesa. Antes do impacto, as partículas de ar no ambiente estão relativamente estáveis. No momento exato da batida, a superfície da mesa vibra. Essa vibração "empurra" as partículas de ar mais próximas, criando uma zona de alta pressão, ou compressão.

Imediatamente após, a superfície da mesa retorna à sua posição original, criando uma zona de baixa pressão, ou descompressão (também chamada de rarefação).

Esse ciclo de compressão e descompressão funciona como um pulso que se propaga, empurrando as partículas vizinhas e criando uma onda que viaja pelo espaço até chegar aos nossos ouvidos, onde é interpretada pelo cérebro como som.


Visualizando a Propagação Sonora



Nesta representação visual, podemos ver um transdutor de saída (como o alto-falante de uma caixa de som) vibrando. As partículas de ar são representadas pelos pontos.

  • Quando o alto-falante se move para trás, ele cria uma zona de descompressão, com menos partículas.

  • Quando ele se move para frente, ele cria uma zona de compressão, com mais partículas.

É importante notar que, como os pontos vermelhos destacados na animação mostram, as partículas de ar apenas oscilam para frente e para trás em torno de sua posição de repouso. É a onda de energia que viaja pelo meio, não as partículas em si. e esse caminho percorrido varia em fun;'ao da amplitude do movimento do falante.


Quando o Som Encontra um Obstáculo


Quando essa onda sonora encontra um objeto, como a parede de uma sala, diversos fenômenos físicos ocorrem simultaneamente, definindo a acústica do ambiente. Os principais são:

  1. Reflexão

  2. Absorção

  3. Refração

  4. Difração

  5. Interferência



1. Reflexão


Quando a onda sonora atinge uma barreira sólida e rígida (como uma parede de concreto ou um vidro), grande parte de sua energia é refletida de volta para o ambiente, de forma muito parecida com a luz em um espelho. O ângulo de incidência tende a ser igual ao ângulo de reflexão. É o fenômeno responsável pelo eco e pela reverberação.


2. Absorção


Parte da energia da onda sonora não é refletida, mas sim absorvida pela superfície. Essa energia absorvida é convertida principalmente em calor, reduzindo a intensidade da onda refletida. Superfícies porosas e macias, como painéis de lã de rocha, espumas acústicas ou até mesmo um sofá, são projetadas para maximizar a absorção e "secar" o som do ambiente.


3. Refração (ou Transmissão)


A energia que não é refletida nem absorvida atravessa o obstáculo, ou seja, é refratada de um meio para outro (do ar para a parede, por exemplo). É por isso que conseguimos ouvir o som de uma sala vizinha. A onda sonora faz a parede vibrar e, do outro lado, essa vibração gera uma nova onda sonora no ar, embora com muito menos intensidade.


4. Difração


Este é o fenômeno que permite que o som "contorne" obstáculos ou passe por pequenas aberturas. Se uma porta está apenas um pouco entreaberta, você ainda consegue ouvir o som do outro lado porque as ondas sonoras se dobram e se espalham ao passar pela fresta. A difração é mais acentuada para sons de baixa frequência (graves), que têm comprimentos de onda maiores.


5. Interferência


A interferência ocorre quando duas ou mais ondas sonoras se encontram no mesmo ponto do espaço ao mesmo tempo. O resultado desse encontro pode ser:

  • Interferência Construtiva: Se os picos das ondas se alinham, elas se somam, resultando em um som de maior amplitude (um ponto de volume mais alto na sala).

  • Interferência Destrutiva: Se o pico de uma onda se alinha com o vale de outra, elas se cancelam, resultando em um som de menor amplitude ou até mesmo silêncio total (um ponto de cancelamento na sala).


Este último fenômeno é a origem das famosas ondas estacionárias, que causam picos e vales em frequências específicas dependendo da geometria da sala, sendo um dos maiores desafios no tratamento acústico de estúdios.


Compreender estes cinco fenômenos é o primeiro passo para deixar de ser uma "vítima" da acústica do seu ambiente e passar a ser um agente que a controla. Cada som que você ouve em uma sala é o resultado complexo da interação entre a fonte sonora direta e as inúmeras reflexões, absorções e interferências que ocorrem em milissegundos.


No próximo post desta série, vou falar sobre ondulatória — frequência, comprimento de onda e amplitude — para que possamos, então, avançar para as soluções práticas de tratamento acústico.


Valeu e até mais!


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M.A.

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